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Por que o Futebol de Base precisa da Psicologia?
Por: Maria Eduarda Wolf
Seria muito fácil começar escrevendo esse texto sobre a importância da Psicologia Esportiva, mas optei em fazer antes uma reflexão sobre a contextualização do futebol e sua influência na formação dos jovens.
Todos nós sabemos que o futebol tem uma magia que contagia e que se transforma em um símbolo universal de confraternização. Especialmente no Brasil, o futebol é uma forma particular da cultura que norteia a vida de muitos brasileiros, pois, diversos vínculos são criados tendo este esporte como pano de fundo, seja assistindo os jogos, debatendo-os ou, até mesmo, praticando-os.
Uma das frases mais faladas entre os jovens brasileiros nas mais diversas faixas etárias é: “Vou ser jogador de futebol”. É interessante perceber que o "quero ser" foi substituído pelo "vou ser". O que, inicialmente, pode parecer entendido como uma demonstração absoluta de autoconfiança, e que por alguns segundos quase negligencia todos os percalços e as enormes dificuldades que essa "vontade" ou decisão representa para alcançar um propósito/sonho de vida.
Dentro deste cenário e com todas as angústias “carregadas” por esses adolescentes que buscam se tornar jogadores profissionais, um dos objetivos da Psicologia Esportiva, é proporcionar uma busca pelo autoconhecimento e criar autonomia do jovem atleta, dando a ele ferramentas necessárias para se desenvolver não só como jogador, mas, principalmente, como ser humano.
Nesse sentido, o psicólogo no campo esportivo compreende que o atleta possa se desenvolver como um agente ativo, se manifestando de forma integral e com uma liberdade de expressão. Cabe também a esse profissional, entender como os fatores psicológicos afetam o desempenho físico de um indivíduo; e entender como a participação em esportes/exercícios afeta o desenvolvimento psicológico, a saúde e o bem-estar desse sujeito. A prática esportiva pode propiciar que o atleta estabeleça objetivos e metas, realize uma atividade produtiva, que ele aprenda a se preocupar consigo mesmo e com os seus companheiros, ajudando-o a assumir uma função social de solidariedade e responsabilidade com as outras pessoas. Além disso, o atleta necessita desenvolver um equilíbrio emocional e uma capacidade de resolução de problemas que possibilite que ele possa lidar com todas as adversidades e desafios intrínsecos do contexto esportivo (seja por derrotas, lesões, frustrações, pressão por resultados, situações adversas, entre outras).
Portanto, a aplicação da Psicologia desde as categorias de base no futebol proporciona um aumento na qualidade das habilidades psicológicas na vida do adolescente que está se formando nessa construção direta entre o papel do atleta e a formação de sua identidade como pessoa. É importante considerar os possíveis influenciadores nesse desenvolvimento através de crenças ou uma série de normas aprendidas na família, na escola, clube e comunidade. Quando se fala em categoria de base, há uma referência especificamente ao processo de formação física, moral e psicológica, rompendo assim o foco em uma formação somente esportiva. Por esta razão, vale mencionar a necessidade de aprender os conhecimentos relacionados à Psicologia para todos os profissionais que estão envolvidos nos trabalhos com esses jovens atletas das categorias de base.
Currículo Maria Eduarda Wolf:
- Mestranda em Psicologia Social (Universo – Niterói)
- Pós Graduação em Psicologia Positiva (CPAF- RJ)
- Psicóloga Esportiva das Categorias de Base do Clube de Regatas do Flamengo
- Especialização em Psicologia do Esporte (CEPPE- SP)
- Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental (CPAF- RJ)
- Graduação em Psicologia (IBMR)
- Coach (Sociedade Brasileira de Coaching)